quinta-feira, 30 de agosto de 2018

ACABAR COM OS FOGOS POSTOS, A DESTRUIÇÃO E A DESERTIFICAÇÃO DE PORTUGAL


Após os acontecimentos dos últimos  anos passado e chegados a um extremo de violência no ano passado,  causada pelo fogo posto em Portugal, urge atuar!

O n.º de fogos postos tem aumentado, assim como o n.º de criminalidade o ano passado aumentou.

Por mais que se limpe o mato, que se gastem milhares no combate, os fogos vão continuar.

Não haja dúvidas que os fogos são de origem criminosa. A maioria dos madeireiros apanhados tinham idades entre os 40 e 50 anos.

Na reportagem da SIC, as empresas madeireiras diziam que antes da onda de fogos havia falta de matéria prima.


Às celuloses é mais barato comprar madeira em Portugal que importar, (sem custos de transporte). E elas precisam de muita matéria prima, veja-se agora o volume de produção e as consequências para o Rio Tejo…

Na zona Centro e Norte do País, onde existem eucaliptais contínuos há várias décadas,  o fogo passa ciclicamente de 7 em 7 anos, a  explicação é esta:

 - A DESVALORIZAÇÃO DO MATERIAL LENHOSO JUNTO DO PROPRIETÁRIO:

  Um madeireiro paga ao  proprietário cerca de 100 Euros por ha se os troncos estiverem queimados e 1 000 Euros\há ou mais, se o material estiver verde.

Depois o madeireiro vai vender o material lenhoso já descascado às celuloses que lhe pagam ao peso (tonelada), o MESMO preço, não fazendo a distinção entre verde ou  "queimado".

Pois efetivamente o eucalipto, como sorvedor de água que é,  consegue após um fogo manter o cerne branco, é só deixar cair as primeiras chuvas para a casca carbonizada sair facilmente. Mesmo um eucalipto jovem! O mesmo não acontece com o pinheiro que se for muito jovem fica todo carbonizado.

 O madeireiro tem então um lucro de 90% se comprar e vender à celulose material queimado.

Para além do lucro bestial, o madeireiro tem o terreno limpo de mato, os troncos não convém que sejam muito espessos para serem  fáceis de desvalorizar junto do proprietário ("não  dá para nada") e até são mais fáceis de retirar  jovens (menos pesados) e já sem folhas e ramos.

Aqui  reside o problema , que  restem  dúvidas, vejam o que se passa ao nível do Pinhal Nacional:


 

 Agora como se resolve?

 

O problema tem de ser resolvido com legislação e atuar na sua origem: o lucro do madeireiro

1 - O primeiro pensamento que nos vem à cabeça é de proibir as  celuloses  e qualquer industria madeireira de comprar troncos de origem em incêndios. No tempo do Estado Novo existia esta lei, que proibia a venda/compra do material lenhoso queimado. E não havia este tipo de incêndios, pois não? É a solução mais radical, mas se calhar terá de ser a única saída se no futuro este problema não se resolver com outro tipo de medidas menos totalitaristas:

2 -  Outra solução é a regulação do preço da madeira ao nível não só da fábrica, mas ao nível do madeireiro.  Estabelecer um preço mínimo à madeira queimada que se aproxime do preço do tronco verde, a regulação do preço de um bem básico, tal como se faz com o pão e a carne, em que o madeireiro tem de pagar ao proprietário o preço justo pela madeira queimada, não a pode desvalorizar, mesmo que haja muita oferta. Esta medida é difícil de implementar, dada a imensidão de proprietários e madeireiros.

3 - Por fim a solução que seria mais fácil de aplicar e controlar era atuar ao nível das celuloses que são poucas em Portugal (face ao n.º de madeireiros):

- Seria obrigar as celuloses a pagar um imposto do Carbono por cada tronco  "queimado" que recebem. Desta forma pagavam ao  madeireiro MUITO BEM pelo tronco verde e MUITO POUCO pela madeira de origem em incêndios, o resto do dinheiro iria para o Estado que investiria em  prevenção, combate e indeminizações.

 Desta forma retirávamos o lucro dos madeireiros e o interesse em pegar fogo deixaria de existir, incentivando a preservação das florestas sem incêndios, uma vez que o material verde seria muito bem pago.

 Para tal teria de haver uma "ASAE da floresta", i. é. uma fiscalização ativa junto de  cada empresa de celulose, de forma verificar se estava a ser  cumprida a taxa de carbono.

É uma medida fácil de aplicar que implicaria um investimento muito baixo (um fiscal por cada celulose, rotativos).Caso tivesse sucesso, esta medida deveria tb aplicar-se a todas as outras indústrias madeireiras.
Vou concretizar num ex. para se perceber melhor a medida:
Uma serração de pinho paga ao madeireiro 50 euros por uma tonelada de pinho, verde ou queimado, desde que esteja bom por dentro.
Convenhamos que é muito pouco,  que é um trabalho mal pago. O trabalho que o madeireiro vai ter para conseguir um tonelada não se justifica se depois tem de pagar muito ao proprietário:
Mais vale deitar fogo e desvalorizo o material junto do proprietário (pensa ele)...
Mas se o material verde fosse antes muito bem pago, por exemplo 90 Euros euros por tonelada de pinho verde e apenas 10 Euros por tonelada se fosse pinho queimado, o madeireiro teria todo o interesse em não queimar a floresta.
Mas agora, pensam vocês: o interesse (em lançar o fogo) passaria então para a Serração!
Não, se a serração tiver de pagar ao estado o que não pagou (40 Euros por tonelada) do material "queimado" que comprou.  


4 - Outra medida paralela à escolha de uma das anteriores, seria obrigar os proprietários que queiram plantar floresta de produção a plantar só metade do seu terreno (qualquer que seja a área de terreno que tenham), a restante poderiam plantar com pomar, agricultura ou pastagem. Assim se conseguiria um descontínuo florestal, de mais fácil controlo do fogo.

Se o proprietário quiser plantar essa área com floresta, apenas  poderia plantar com   carvalho da zona e sobreiro, árvores que são mais resistentes ao fogo e voltam a rebentar após o fogo, não sendo necessário replantar e são economicamente viáveis, ( o carvalho dá boa madeira e o sobreiro cortiça que está extremamente valorizada). Ao contrário dos eucaliptos estas árvores sustentam a vida selvagem (alimento - bolotas) e propagam o fogo mais lentamente (zonas tampão).