segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Após o visionamento do texto anterior, pergunto?

Será mesmo o triunfo das pedras?
Ou será a destruição das pedras?
Das Grutas, dos Fósseis, dos icnofósseis... de uma Serra maravilhosa, que cai sobre o mar, das mais belas de Portugal!?

A pedra é explodida e triturada: uma tonelada de brita vale 50 centimos!!!? Um camião de enrocamento vale 1 Euro!!!Com que direito destroem e vendem a nossa Serra?!

Uma empresa originalmente Inglesa exporta a nossa Serra para o Norte da Europoa, reduzida a pó??!
As empresas de brita matam pessoas, movem marcos geod ésicos, avançam sobre terrenos do Parque???!!!! Impunes!!!???

E o ICNB o que está lá a fazer??? A camuflar estes delitos?
Não se devia chamar Parque Natural Da Arrábida, mas sim Parque Geológico da Arrábida!
Ou mesmo reserva Geológica da Arrábida!!

Com mais uns anitos a Serra será reduzida a brita e pó!
Tudo a seu tempo!!
Num excerto do Planeta Azul - RTP2, visto no blog de "Os ambientalistas" http://ambientalistas.blogspot.com/2003/11/serra-darrabida-o-triunfo-das-pedras.html

Serra D'Arrabida - O triunfo das pedras

Uma das mais belas serras portuguesas está a ser lentamente destruída. No interior da Arrábida onze pedreiras vivem à conta da morte da serra, apesar de estar classificada como parque natural desde 1976. Foi desta reserva natural que saiu pedra para as grandes obras públicas, como a ponte Vasco da Gama, Expo-98 e Centro Cultural de Belém. Afinal, o mesmo Estado que a protegeu é, também, o seu principal cliente. É ela que continua a alimentar toda a construção civil da área metropolitana de Lisboa, Setúbal e até Alentejo. Retira-se da Arrábida o que podia ir buscar-se a outras serras do país que não estejam classificadas como áreas protegidas. Este parque natural enfrenta ainda outros perigos, como a expansão urbanística. Os concelhos limítrofes, Setúbal, Palmela e Sesimbra estão a avançar drasticamente em direcção à Serra. Esta é, aliás, o isco para a venda de condomínios de luxo, enquanto as tradicionais quintas da região são retalhadas e vendidas em lotes, onde se constróem prédios de arquitectura duvidosa. No parque natural que o Estado protegeu com leis, quem acaba por vencer são os interesses económicos. É afinal o triunfo das pedras... Fonte: Planeta Azul (RTP2)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Indústria da celulose

Olá de novo

Após o visionamento do e-mail anterior, que recomendo vivamente, não consigo deixar de pensar em expressar umas ideias que me vão ruminando por dentro... e que nem foram tocadas nessa informação...

Começaria por acrescentar que este negócio dos incêndios não é só dos madeireiros, mas directamente das celuloses.

O problema é muito mais complexo.

Não estou a falar de incêndios em zonas de serra com mato, para renovar o pasto para o pouco gado que ainda subsiste, e faz aquele queijinho, com aquele sabor serrano, que tanto apreciamos.

Estou a falar de incêndios em zonas e pinhal e de mata autóctone, para a substituição por eucalipto.

Estou a falar dos incêndios nos próprios eucaliptais, para que as celuloses paguem um preço inferior e produzam o mesmo papel.

Já se perguntaram quem tem dinheiro para pagar a uma avioneta que por tantos é relatada vista passar antes de um grande
incêndio?
Com certeza não será um "incendiário" com problemas psicológicos, ou uma família que ainda tem o raro costume de ir buscar a mãe velhinha ao lar, para ter um agradável piquenique à sombra de umas escassas e frondosas árvores ...

Já repararam naquela espuma amarelada e peganhenta nas nossas belas praias? Naquele cheiro nauseabundo que invade as nossas casas quando o vento muda de feição?
O problema é que o preço por entrarmos para a CEE está à vista - termos o refugo da indústria mais destruidora e poluente que ninguém quer nos países desenvolvidos - as celuloses e as cimenteiras.
Temos as nossas belas e escassas serras de calcário desventradas, basta passearmos nos nossos "parques naturais", ou ir ao "Google Earth" para vermos as extensas e numerosas crateras brancas. Somos o fornecedor de cimento e de celulose da Europa e temos subsídios abundantes para o eucalipto e para transformar zonas agrícolas em floresta.

As primeiras leis que surgiram do eucalipto, quando os nossos activistas se faziam ouvir, restringiam o eucaliptal às zonas menos produtivas, obrigavam a faixas de outras folhosas, a rotações mais espaçadas, a afastamentos de áreas agrícolas, galerias ripícolas, zonas de infiltração, fontes, etc. Começou-se de mansinho...discretamente...mas estas leis já eram! Vieram os subsídios, primeiro à descarada para o eucalipto, depois dizia-se que eram só para a floresta de crescimento lento. Mas lá no fim da lista das espécies subsidiadas, aparecia sempre o Eucalyptus globulus, (que nada tem de lento ou de autóctone). As leis foram sucessivamente alteradas e recentemente até já se chegou ao ponto de mudar a própria Lei da Reserva Agrícola Nacional (RAN)!!
Ou seja, os únicos solos que nos restavam bons para a agricultura, (que são tão raros no nosso país), podem ser eucaliptalizados...

Quando vamos de Lisboa para o Porto, a paisagem que outrora era diversificada, um mosaico agrícola e florestal, agora é cada vez mais uma monocultura intensiva de eucalipto...

Os resquícios de mata autóctone, diversificada, com os nossos sobreviventes carvalhos que outrora povoavam o território, e até há poucos anos estavam restringidos às vertentes mais inclinadas que o homem não cultivava, e entre as sebes vivas dos terrenos agrícolas, fonte de biodiversidade para o equilíbrio ecológico, controle de pragas, refúgio e alimento da avifauna, vão desaparecendo a pouco e pouco, dizimados pelas poderosas máquinas do eucalipto que destroem tudo à sua passagem: vegetação, relevo, solo... para plantar as tais árvores australianas.
Árvores que são tão competitivas que aquele cheiro intenso a eucalipto não é mais que a inalação dos seus herbicidas naturais que não deixam criar o sub bosque e a biodiversidade, e nada têm para oferecer à nossa avifauna, secam as nossas fontes, esgotam os nossos solos, com períodos de rotação intensivos de 9 em 9 anos!...isto quando não são mais cedo cortadas ou queimadas...

Os eucaliptais são desertos botânicos, faunísticos e humanos.

Na floresta, já não há bagas nem bolotas, a fauna foi escorraçada para as zonas agrícolas, que de noite, vão à procura de alimento. Muitos animais morrem atropelados, envenenados...caçados...transformamos, alteramos tudo, sempre só a pensar em nós, mas no fundo esquecemo-nos de nós e dos nossos filhos.

E a monocultura do eucalipto vai avançando: cume, encosta, vale, mata, pinhal, olival, vinha, pomar, terreno agrícola, vai tudo...a seu tempo, vai tudo! Dizima a nossa cultura, leva as pessoas a abandonar os campos e a aumentar a população das cidades, a perdermos os nossos saberes...a transmissão dos conhecimentos de pai para filho...

Neste momento as frutas caem na terra e ninguém as apanha, não é rentável, não há escoamento...os supermercados estão repletos de fruta espanhola ou francesa vinda de bem longe... e tanta aqui tão perto, a ser substituída por eucalipto...

Está tudo errado...gasta-se imensa energia em transportes, e mais poluição...
E quando o preço do combustível voltar a aumentar? Ou mesmo acabar? Será que vamos comer eucalipto?!

Quem governa, muda as leis e no dia da árvore planta um eucalipto!? Será que não somos capazes de pensar por nós próprios? No nosso próprio bem? Temos de nos sujeitar às normas europeias e acabar com o pouco que nos resta?

Fui visitar uma exploração agrícola biológica, o Agricultor, disse que para pedir um subsídio para comprar um tractor tinha de omitir que iria criar mais 4 postos de trabalho, porque as directivas são para uma maior eficiência (?)...
E temos tantos desempregados...

Onde está a nossa agricultura? A nossa própria subsistência? O que faremos numa altura de crise?

Uma professora de História dizia nas suas aulas que D. Fernando e sempre que um Rei investia na Agricultura, o país saía da crise, crescia economicamente. A base do desenvolvimento estava garantida. Era uma forma de fixar as pessoas à terra e de se produzir riqueza, sustento. Sim, porque uma exploração agrícola não enriquece, mas dá sustento, várias produções por ano e diversificadas, e não é precisa muita área para tal, tem de se investir na melhoria dos solos com estrume, etc, para que estes produzam, para que não se esgotem. Nos eucaliptos é até aos solos não produzirem mais, por isso avança-se agora para os solos da RAN, os outros já (d)eram...

Uma pessoa mesmo que tenha muitos eucaliptais tem de arranjar outra forma de ganhar dinheiro, não "pode ficar a ver o pau a crescer!" - como dizia o nosso Gonçalo Ribeiro Telles (o criador da "verdadeira" RAN). E assim se abandonam as terras e crescem as cidades… e os desempregados...

Se continuamos neste ritmo de destruição da nossa economia, da nossa paisagem, da nossa cultura, seremos pobres, bem pobres... já não teremos nada para mostrar a não ser a nossa pressionada costa de mar, e o "casco antigo" de algumas aldeias despovoadas. Portugal será todo igual, de um verde metálico, escuro e opaco, rasgado por pedreiras brancas e cidades. De Norte a Sul, apenas notaremos algumas diferenças de relevo.
Já foram realmente até ao Porto de carro? Com olhos analíticos? Quando reina o eucalipto, está tudo escondido ou despovoado, as paisagens já não se abrem, perdeu-se o mosaico reticulado e diversificado, perdeu-se o vermelho outonal e o colorido primaveril...
Perderemos a ligação à terra...
Já alguém fez caminhadas em eucaliptais? Será o futuro?

Se não mudarmos o rumo, perderemos definitivamente as nossas referências, a nossa própria identidade...



Pensem nisto...

Um abraço

A indústria dos incêndios

Olá!

Num dos e-mails que recebi, voltei a receber este texto, que trancrevo agora para o Blogue


Publicação: 04-08-2005 21:05


A indústria dos incêndios


A evidência salta aos olhos: o país está a arder porque alguém quer que ele arda. Ou melhor, porque muita gente quer que ele arda. Há uma verdadeira indústria dos incêndios em Portugal. Há muita gente a beneficiar, directa ou indirectamente, da terra queimada.

José Gomes FerreiraSub-director de Informação


Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas. Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos: 1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica? Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências? Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair? Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis? Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo? 2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios... 3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei. 4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre. 5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade. Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime... Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal? Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país. Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime. Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer: 1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar. 2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas). 3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores 4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei. 5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível. 6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios. Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo. José Gomes Ferreira